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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O que querem as mulheres?

Freud fez uma famosa indagação, que até hoje está lhe custando caro. Disse que depois de ter estudado tudo que podia sobre a mente humana, havia uma pergunta que não conseguia responder:-”Afinal, o que querem as mulheres?”.

Não só as feministas, mas até os homens sensatos acharam que o companheiro estava exagerando. E recentemente duas variantes de resposta a Freud surgiram. Uma foi o livro da americana Erica Jong “O que querem as mulheres”(Ed.Record) e agora mais recentemente esse filme com o Mel Gibson “O que as mulheres pensam”.

Mas existe uma outra resposta que me parece a melhor para a questão plantada por Freud.Trata-se de uma lenda que, a rigor, antecede ao lendário Freud, e fico pensando que se Freud a conhecesse talvez se poupasse de se expor daquela maneira.

Diz a estória, que o Artur - aquele da Távola Redonda- quando era jovem, certo dia cometeu uma infração: foi caçar na floresta de outro rei e acabou sendo preso e levado `a presença do outro monarca para ser punido

Deveria ser condenado à morte. No entanto, o rei que o deteve resolveu dar-lhe uma chance. Pouparia sua vida se conseguisse, dentro de um ano responder `a pergunta pré pós freudiana:- “O que querem as mulheres?”.

Agradecido pela deferência, Artur saiu `a cata da resposta. Perguntava daqui, perguntava dali, mas nem os religiosos, nem os médicos, nem os inveterados conquistadores de corações femininos conseguiam lhe responder com clareza. Estava já o prazo se exaurindo, quando lhe informaram que havia uma bruxa que sabia a resposta. Foi procurá-la. Era uma bruxa como têm que ser as bruxas nas lendas: velha, desdentada, falando impropérios. Artur, no entanto, fez-lhe a pergunta. Ela lhe disse que lhe daria a resposta caso ela pudesse se casar com o cavaleiro Gawain, que era o mais belo e valoroso dos companheiros de Artur. Este, perplexo, foi ao amigo e lhe expôs a patética situação. Amigo que é amigo, sobretudo nas lendas, não vacila. Faria tudo para salvar o companheiro de peripécias, até mesmo casar com uma bruxa.

Acertada a condição, então, a bruxa respondeu à pergunta fatal, dizendo:- _"_S_a_b_e_ _o_ _q_u_e_ _r_e_a_l_m_e_n_t_e_ _q_u_e_r_ _a_ _m_u_l_h_e_r_?_ _E_l_a_ _q_u_e_r_ _s_e_r_ _s_e_n_h_o_r_a_ _d_e_ _s_u_a_ _p_r_ó_p_r_i_a_ _v_i_d_a_!_"_. Artur e os demais, inclusive o rei que o havia condenado, ficaram todos atônitos, se dizendo, como é que nós não pensamos nisto antes, a resposta é simples e genial. E Artur foi então perdoado.

Mas a estória continua, o casamento tinha que se realizar, pois Gawain não era de deixar mesmo uma bruxa na mão. No dia das bodas, foi um vexame. A bruxa emporcalhava a mesa, ria com seus dentes faltosos, enfim, um espavento. Mas a festa foi continuando, foi- se aproximando a hora da chamada união carnal no branco leito nupcial. Mas aí, aconteceu algo surpreendente. Estava Gawain já preparado para o cadafalso erótico, quando surgiu-lhe uma deslumbrante e virginal donzela `a sua frente. E antes que sua perpelexidade continuasse a donzela disse que ela era a bruxa, ou melhor, uma das faces da bruxa. Estava mostrando a sua outra face, porque ele a tinha aceito como era; que de dia era a bruxa façonhenta, de noite aquela ninfa loira. Mas antes que consumassem a chamada união carnal, Gawain poderia decidir com qual das duas queria viver o resto da vida. Ou a feia que comprometeria sua imagem pública ou a perfeita, que ele, só ele, conhecia `a noite.

Gawain então disse que deixava à escolha dela, o que ela queria realmente ser e parecer. A noiva neste momento metamorfoseou-se para sempre na bela mulher do cavaleiro que o acompanharia noite e dia, pois ele havia respeitado nela o que ela realmente era.

Esta estória me foi dada como estando no livro “Feminilidade perdida e reconquistada” de Robert A. Johnson, livro que não encontrei. Perguntei a Antônio Furtado, que é o maior especialista brasileiro em Rei Artur, e ele disse que conhecia essa lenda.

Não tem importância. É a melhor resposta que encontrei `a inquietação de Freud. Mas agora gostaria de cutucar a onça com vara curta e indagar pelo outro lado da questão:-Afinal, o que querem os homens?


Affonso Romano de Sant'Anna
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Um comentário:

  1. Caro Affonso,

    As mulheres, a meu ver, principalmente nas ultimas décadas, já fincaram seu marco. elas já são senhoras de suas próprias vidas. O que acho estranho,é que não estão mais satisfeitas com apenas isso. Com essa importante conquista. Querem ser senhoras das vidas
    dos companheiros(as)também. Resultado de séculos de dominação masculina. Minha geração está pagando essa conta. Nossos relacionamentos são de verniz. São como sopa Miojo. Casamentos que duram apenas três minutos.
    Namoros que duram Três segundos. Relações humanas que ao primeiro desentendimento tem como jargão: "Eu sou livre, você não manda em mim". Mas acredito que a liberdade está sendo misturada ou até mesmo confundida com lascívia exacerbada. E quantidade ao invés de qualidade na relação homem mulher. Minha opinião, claro.
    E juro... gostaria de estar errado. Triste.

    Nelson Alexandre

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