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quinta-feira, 27 de maio de 2010


TEMPO FINAL DE PEDRO,O CÔXO

[Lasar Segall]
Tapira é uma pequena cidade no nordeste do Estado de Ancorados.Lá,as pessoas se conhecem e se falam desde a infância,o que faz com que as amizades sejam tão duradouras que parecem eternas.
Nas ruas de Tapira as crianças brincam de bola de gude,bola de meia,,de empinar arraias,de amarelinha,de cantiga de roda,chicotinho queimado,três,três,passará,brincadeiras que não se vê mais nas cidades grandes,por conta do acesso fácil às novas tecnologias,o que não acontece em Tapira.Na pequena cidade as pessoas interagem nas suas relações sociais,o que permite à comunidade,uma vida em verdadeira comunhão.Mas,como na vida nada é perfeito,em Tapira vive,também,um homem estranho,que chamamos de excêntrico:é Pedro,o côxo.Pedro,um homem de estatura mediana,cor parda,olhos negros,cabelos crespos e com um defeito na perna esquerda que lhe valeu o apelido de côxo,traz no semblante,ora uma tristeza profunda,ora um olhar penetrante e terno sobre as coisas e as pessoas.Pedro é só.Não,que se baste a si mesmo.É que as pessoas de Tapira não compreendem Pedro na sua fala.Poderíamos dizer  que para a população da pequena cidade,Pedro é um "filósofo".Pedro conta histórias de personagens importantes da história universal como Jesus Cristo,Napoleão Bonaparte,Rainha Vitória,D.Pedro I,D.Pedro II e outros mais.Entretanto,para o povo de Tapira,nada importa da vida dos personagens,à exceção da vida de Jesus Cristo.Mesmo assim,quase todos os dias,Pedro,o côxo,continua a falar sobre histórias daquelas personalidades enquanto crianças brincam nas ruas durante a luz do dia,e,quando à noite,diante de homens e mulheres sentados nos batentes das casas,pitando cigarros de palha e   ouvindo cantigas à base de velhas violas.
Pedro,o côxo,não tem parentes.Alguns moradores lhe fornecem o alimento todos os dias,arranjam roupas velhas,dão apoio ao "filósofo" côxo.
A vida passava lentamente pelas cercanias de Tapira e a morte não andava espreitando ninguém por ali.Pelo menos era o que se imaginava.
Os dias e as noites iam passando e Pedro,o côxo passando,também.Mas,um dia,Pedro não passou pela manhã,nem à tarde,muito menos à noite.
-Pedro morreu?! Era a pergunta geral.Ninguém sabia responder,até então.
-Vamos lá na cabana!. Disse um morador.
Formou-se uma espécie de comissão de frente e foram à cabana de Pedro.Ao chegarem na cabana os moradores viram um homem quase agonizante,com um olhar longe,perdido,dizendo algumas palavras incompreensíveis para as pessoas.
Pedro falava de Joana.Dizia do amor que teve por ela.Chorava,fragilmente,pela perda do único filho,há tempos atrás.Pedro,o côxo,ao final do seu tempo mostrou o sentimento antes guardado a sete chaves.
Pedro amou Joana.Joana,a mulher grávida que abandonou a casa para iluminar a vida de Pedro com seu amor,na rua.
Pedro,o côxo,olhava com olhar de fim de vida para o infinito,através das aberturas das folhagens que passavam pela cobertura da cabana.Pedro balbuciava frases,lentamente,enquanto a população de Tapira,entre assombrada e triste se aglomerava na entrada da pequena cabana.Ali,parecia que o tempo havia entristecido.Foi quando Pedro,segurando a mão de Mira,a que lavava vez por outra um dos seus trajes,disse:
-"Não há mais o caminho de volta.Não há mais lugar.Há somente restos de saudades.Há somente,um adeus...E,ao último verso,Pedro,o côxo,expirou.Em Tapira,só silêncio.Lágrimas silenciosas representando o carinho dos homens a Pedro,o côxo,o "filósofo" que partiu,atravessando para sempre o seu portão do amanhecer...

 Cezar Ubaldo de Oliveira Araujo*

[ Cezar Ubaldo,nascido em Feira de Santana-Bahia, e poeta,professor,pedagogo. 
PUBLICAÇÕES- Das Liberdades do Homem
Poemas de Bem-Querer e Outros Quereres
Publicações na Revista Stitientibus
Publicações na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana.
Alimenta o blog Prato Raso
Coordenou a págia LITERATURA do Jornal A Folha do Norte,em Feira de Santana.
Participa de sites literários:
Portal Literal,Overmundo,Autores.com.br,PoetasdelmundoBrasil]

3 comentários:

  1. Valsam em seus textos, palavras, estas combinações dão ao que escreves um poder mágico de sentidos.
    Obrigado pela beleza dos escritos.
    Parabéns

    Um grande abraço

    erhi Araújo

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  2. Obrigado pelo comentário, Ubaldo!
    Você torce pelo "Flu" de Feira de Santana?

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  3. Salve,Nelson.Gosto do Fluminense de Feira,sim,mas aprendi a amar mais ainda o Esporte Clube Vitória.Mas,sempre que posso vou ao Joia da Princesa assistir a uma boa partida de futebol.Abraço.

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