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domingo, 25 de abril de 2010

Outonos de Isiara Mieres Caruso



[ em Buenos Aires]


Os dias nestes últimos anos estão passando em uma velocidade que nos assusta. Mal despertamos já nos vemos voltando para mais uma noite de sono. Parece que foi ontem que chegaram as festas de fim de ano, entretanto já passou o carnaval e a Páscoa... ufa!
Olho pela janela e vejo nas copas das árvores, na avenida 9 de julho os signos do outono. Estão pintadas pelo rosa das flores que ainda teimam em colorir minha paisagem. Já começam a surgir os agasalhos para frio, pois aqui temos dias que amanhecem com cinco ou seis graus... br... Sinto dó daqueles que devem sair para trabalho ou para a escola. “Tadinhos!” Puxo as cobertas quentinhas, me enrosco e sigo meu soninho até um pouco mais tarde, (Já passei por isto) penso. Certamente para que a culpa não me consuma. Os parques e avenidas já estão matizadas pelas folhas que caem amarelecidas, em uma mescla com o verde dos gramados e o colorido de algumas flores. Já não se veem muitas pessoas caminhando, como é costume no verão, nem os que se douram sob o sol em todos os gramados disponíveis. Ao entardecer, os últimos raios de sol tingem o céu de um amarelo dourado e algo de rosado em tons pastéis. Alguns corajosos tomam um café ao ar livre buscando algo de sol, que ajuda a espantar o friozinho tão desejado por todos quando o calor de abril teima em não ir embora. Aqui na Argentina os cafés são pontos de encontro e por vezes de estudo e trabalho. Costumo ver pessoas que passam algum tempo com seus amigos “charlando”, lendo um jornal ou simplesmente tomando um café enquanto ajeitam a agenda, contatam amigos ou clientes. Já consigo por vezes fazer o mesmo, há que apreender os costumes locais, e um café com “medias lunas” é sempre bem vindo. É o mundo da moda, da música e do futebol, embora nós brasileiros tenhamos uma rixa eterna com os argentinos, aqui também é o país do futebol. Aos domingos ou qualquer outro dia da semana que ocorra um jogo em que as estrelas entrem em campo lá estão os “inchas” para dar o maior apoio e torcer como nos melhores estádios brasileiros. À noite os programas de televisão passam todos os jogos e resultados Os festejos pelas ruas fazem lembrar os que vivi de Inter e Grêmio em Porto Alegre. Bem, como dizia, é outono em Buenos Aires e os dias vão se tornando menores, o frio aumenta e o ambiente para a boemia está formado, lindo para ir-se assistir um show de tangos e milongas ou até mesmo atrever-se a dançar, ou pelo menos tentar.





OUTONO

[ em Porto Alegre]


É março. O verão tece suas últimas teias. O sol já não parece tão abrasador. O clima torna-se ameno aqui no sul. O primeiro friozinho deixa as manhãs mais agradáveis. A primeira folha amarelece trêmula no galho e cai em redemoinho sob o peso do orvalho.
É outono em Porto Alegre. Há poucos dias vi a última revoada de andorinhas, que em bando parecia a multidão a acotovelar-se em uma liquidação da cidade. Ofertas de últimos dias do verão: “Liquida Porto Alegre”. Deverão ir embora. Quem dá mais? Que demais! Nos bares, nas calçadas, já não estão os copos de chope gelados. Já não se vêem tantos casais de namorados ao entardecer. Lá estão os poetas a beber, do novo pôr-do-sol, inspiração. O Guaíba feito taça recebe o astro-rei e o abraça. Como um anjo dourado, o outono estende suas asas esmaecendo a paisagem, transformando o caminho num tapete, um mistério do tempo e do clima com os caminhos, as folhas secas são como lembranças que voam com o vento da saudade, como parte invisível das memórias da cidade, que tece teias entre o presente, o passado e o dia que chega. As teias, as andorinhas, os caminhos, as folhas secas, o sol dourado, o Guaíba fazem os encantos de Porto Alegre, nos cantos desta cidade que sorri aconchegada nas tépidas manhãs de outono. É outono em Porto Alegre. 

Isiara Mieres Caruso  

[Buenos Aires- Argentina]

[Natural de Porto Alegre, atualmente residindo em Buenos Aires,dividindo o coração entre o Tango e o Fandango gaúcho.
Educadora por formação, Especialista em Psicopedagogia e Educação a distância e escritora por inspiração desde muito jovem.
Atualmente, representa o Movimento Internacional do Poetrix , na Argentina, divulgando este gênero surgido no Brasil]

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